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DOENÇAS PULMONARES - O QUE É SILICOSE?


O que é silicose?


A silicose é uma doença considerada crônica dos pulmões causada pela inalação de poeira sílica (quartzo), uma forma de pó de areia. Ela é a mais antiga e mais grave das doenças pulmonares relacionadas à inalação de poeiras minerais.


As pneumopatias relacionadas etiologicamente à inalação de poeiras em ambientes de trabalho são genericamente designadas como pneumoconioses. A inalação e o acúmulo de poeira nos pulmões acarretam uma reação pulmonar que pode evoluir, em alguns casos, para fibrose pulmonar difusa. A pneumoconiose que mais se destaca no Brasil é a silicose. A silicose é bem conhecida há vários séculos, com etiologia, mecanismo de lesão (fisiopatológico) e forma de exposição bem estabelecidos há mais de cem anos. Além disso, já há tecnologia disponível para evitá-la, mas ainda assim continua a acometer trabalhadores em todo o mundo no século XXI. Nos países em desenvolvimento, em especial, novos casos são registrados aos milhares a cada ano. Observa-se uma tendência à redução da incidência em países desenvolvidos (Kulcsar Neto, 1995; IARC, 1997; Capitani, 2006; Terra Filho & Santos, 2006; Carneiro et al, 2006).


O que é Sílica?


Sílica cristalina refere-se a um grupo mineral caracterizado por assumir uma estrutura que se repete regularmente, isto é uma estrutura cristalina. Dentre as formas cristalinas, a mais conhecida é o quartzo, abundante nos mais variados tipos de rocha, na areia e nos solos. Pode ser encontrado na natureza em oito diferentes arranjos estruturais (polimorfos) do SiO2, dentre esses os sete mais importantes na crosta terrestre são: α-quartzo, cristobalita, tridimita, moganita, keatita, coesita e stishovita (Bom & Santos, 2010). A cristobalita e a tridimita são encontradas em rochas vulcânicas. A forma amorfa (sílica gel ou sílica coloidal) é menos tóxica do que a cristalina, muito embora não seja inerte. Esta é encontrada na natureza como sílica biogênica (terra diatomácea) ou na forma vítrea (de origem vulcânica). Algumas plantas, como cana-de-açúcar e arroz, produzem fibras de sílica amorfa (Kulcsar Neto, 1995; IARC, 1997; Terra Filho & Santos, 2006).

A maioria dos depósitos de sílica minerados para obtenção das "areias de sílica" consiste de quartzo livre, quartzitos e depósitos sedimentares como os arenitos.

A sílica possui as mais variadas aplicações comerciais e industriais. É fonte do elemento silício, principal matéria dos componentes semicondutores e dos silicones, assim como dos cristais piezoelétricos. Também usada como um dos constituintes de materiais de construção e é material básico na indústria de vidro, cerâmicas e refratários. Na forma amorfa, é utilizada como dessecante, adsorvente, carga e componente catalisador. Na forma vítrea é muito utilizada na indústria de vidro e como componentes óticos (Bom & Santos, 2010).


No Brasil, as atividades que apresentam o maior risco de exposição à sílica são: 


=> Indústria extrativa - mineração e atividades de extração, beneficiamento de pedras que contenham o mineral. 
=> Perfuração de rochas em mineração de não metálicos – como exemplo, a mica e feldspato. 
=> Construção Civil - em várias etapas da obra como nas fundações, acabamento, corte de azulejos e de pedras, misturas de cimento e areia. 
=> Perfuração de rochas - construção de túneis, barragem e estradas. 
=> Jateamento de Areia - utilizada na indústria naval, na opacificação de vidros, na fundição e no polimento de peças na indústria metalúrgica e em várias situações de manutenção. É uma das operações de mais alto risco para silicose e que vem apresentando os casos mais graves da doença. Está proibida no Brasil desde 2005. 
=> Fundição de ferro, aço ou outros metais - em particular onde se utilizam moldes de areia. 
=> Indústrias Cerâmicas – fabricação de pisos, azulejos, louças sanitárias, louças domésticas e outros. No setor de acabamento o risco é bem acentuado. 
=> Produção, uso e manutenção de tijolos refratários. 
=> Fabricação de vidros - tanto na preparação como também no uso de jateamento de areia usado para opacificação. 
=> Moagem de quartzo e pedras - para diversos fins. 
=> Construção de fornos refratários – particularmente no corte do material. 
=> Execução de trabalhos diversos, artesanatos e acabamento em mármore, ardósia, granito e outras pedras. 
=> Fabricação de material abrasivo. 
=> Escavação de poços. 
=> Atividades de protético. 
=> Atividade agrícola de aragem.

A exposição à sílica associa-se à silicose, ao câncer de pulmão, à tuberculose e a diversas doenças auto-imunes (Ribeiro, Camargo & Wunsch, 2005, Brasil, 2005). Desta forma, configura-se num problema de saúde pública, em especial no campo da saúde do trabalhador e do meio ambiente (Carneiro et al, 2006). A ocorrência de silicose fora do ambiente ocupacional é muito rara (Capitani, 2006), todavia em atividades como a mineração a céu aberto é perfeitamente viável a contaminação dapopulação que vive próxima a pedreiras ou mesmo na linha dos ventos de uma determinada cidade. No Brasil há muitos anos a silicose é considerada como "doença profissional" para fins previdenciários (Brasil, 2006). No Ministério da Saúde foi incluída na Portaria MS1339 de 1999 que lista as Doenças Relacionadas ao Trabalho. A partir de 2004 é objeto de notificação compulsória no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) em todo o país. A ocorrência de silicose é previsível para as pessoas expostas a poeiras em vários processos de trabalho, é incurável e pode ser progressiva, mesmo após ter cessado a exposição. Portanto, a medida paliativa mais imediata após a exposição deve ser o reconhecimento precoce e as intervenções de apoio. A Fibrose intersticial, resultante da exposição à sílica cristalina, persiste em todo o mundo, apesar do conhecimento das causas e dos meios eficazes de prevenção (Wagner, 1997). 

Os sintomas identificados resultam de exposições passadas, assim, um controle efetivo dos riscos no local de trabalho atual é a única forma de prevenir a ocorrência contínua desta doença potencialmente debilitante. Os médicos podem contribuir para este esforço através de um diagnóstico preciso e a notificação dos casos ao SINAN (Wagner, 1997). 

Os raios X do tórax mostram nódulos e densidades cicatriciais. Os pacientes com silicose são três vezes mais propensos a desenvolver TB em comparação com indivíduos sem silicose.


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