MINISTÉRIO DA SAÚDE
SECRETARIA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE
ABC DO SUS
DOUTRINAS E PRINCÍPIOS
Brasília/DF
1990
ABC
do SUS - Doutrinas e Princípios
Ministério
da Saúde - Secretaria Nacional de Assistência à Saúde
APRESENTAÇÃO
O Ministério da Saúde entrega a
primeira cartilha do Sistema Único de Saúde - SUS,
compreendendo suas doutrinas e seus
princípios, inspirados na Constituição e na Lei Orgânica da Saúde.
Estão aqui consagradas certamente as
aspirações de milhões de brasileiros que desejam um
SUS que resgate a dignidade do setor
saúde em todos os níveis, com descentralização,
hierarquização, universalização e
certamente com eficiência e resolutividade.
Para elaborar este documento a
Secretaria Nacional de Assistência à Saúde -SNAS recorreu
à participação de instituições e
profissionais de saúde que se empenharam em definir, numa
linguagem simples e direta, o que
devemos fazer para tornar o SUS modelo aplicado de saúde,
confiável e com credibilidade.
Foram valiosas as sugestões recolhidas
do Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de
Saúde - CONASS e do Conselho Nacional
dos Secretários Municipais de Saúde – CONASEMS, bem como das equipes
mobilizadas pela própria Secretaria para que houvesse um consenso do maisamplo
possível e a deliberação de que precisamos avançar para darmos consistência às
ações de saúde.
A primeira cartilha consagra “Doutrinas
e Princípios” e a segunda, “Planejamento Local”, a
terceira, “Nomenclaturas, Parâmetros e
Instrumentos de Planejamento”, a Quarta, “Comunicação Visual do SUS”. Desta
forma, o Ministério da Saúde coloca à disposição de todos os integrantes do SUS
o conjunto inicial das ações, atitudes e atividades que necessariamente serão
implantadas.
Esta missão requer de todos nós um
esforço redobrado, principalmente dos que estão nas
atividades de ponta. A saúde desceu no
Brasil a níveis de desconforto e desesperança. Cada
mudança que operarmos no âmbito do SUS
será um gesto de compreensão e grandeza para retirá-la da inação e da
ineficiência.
Aos estados e municípios, aos
profissionais de saúde, às instituições privadas, filantrópicas e
de ensino, todos somos parceiros do
SUS para promovermos a modernidade do Sistema com mais ações do que com
palavras.
Brasília, Dezembro de 1990.
ALCENI GUERRA
Ministro de Estado da Saúde
Veja Também!
O QUE HÁ DE NOVO NA SAÚDE?
Entre as diretrizes políticas
consolidadas pela nova Constituição no cenário nacional estão os
fundamentos de uma radical
transformação do sistema de saúde brasileiro.
O que levou os constituintes a
proporem essa transformação foi o consenso, na sociedade,
quanto à total inadequação do sistema
de saúde caracterizado pelos seguintes aspectos, entre
outros:
um quadro de doenças de todos os tipos condicionados pelo tipo de desenvolvimento social e
um quadro de doenças de todos os tipos condicionados pelo tipo de desenvolvimento social e
econômico do país e que o velho
sistema de saúde não conseguia enfrentar com decisão;
completa
irracionalidade e desintegração das unidades de saúde, com sobre-oferta de
serviços em alguns lugares e ausência
em outros;
excessiva
centralização implicando por vezes em impropriedade das decisões pela distância
de Brasília dos locais onde ocorrem os
problemas;
recursos financeiros
insuficientes em relação às necessidades de atendimento e em
comparação com outros países;
desperdício dos
recursos alocados para a saúde, estimado nacionalmente em, pelo menos
30%, produzido por incompetência
gerencial;
baixa cobertura
assistencial da população, com segmentos populacionais excluídos do
atendimento, especialmente os mais
pobres e nas regiões mais carentes;
falta de definição
clara das competências dos vários órgãos e instâncias políticoadministrativas do
sistema, acarretando fragmentação do processo decisório e
descompromisso com as ações e falta de
responsabilidade com os resultados;
desempenho
desordenado dos órgãos públicos e privados conveniados e contratados,
acarretando conflito entre os setores
público e privado, superposição de ações, desperdícios
de recursos e mau atendimento à
população;
insatisfação dos
profissionais da área da saúde que vêm sofrendo as conseqüências da
ausência de uma política de recursos
humanos justa e coerente;
insatisfação da
população com os profissionais da saúde pela aparente irresponsabilidade
para com os doentes, greves
freqüentes, freqüentes erros médicos e corporativismo se
sobrepondo à saúde do povo;
baixa qualidade dos
serviços oferecidos em termos de equipamentos e serviços profissionais;
ausência de critérios
e de transparência dos gastos públicos, bem como de participação da
população na formulação e gestão das
políticas de saúde;
falta de mecanismos
de acompanhamento, controle e avaliação dos serviços;
imensa preocupação e
insatisfação da população com o atendimento à sua saúde.
À partir desse diagnóstico e de
experiências isoladas ou parciais acumuladas ao longo dos
últimos 10 anos, e especialmente
baseando-se nas propostas da 8ª
Conferência Nacional de
Saúde realizada
em 1986, a Constituição de 1988 estabeleceu pela primeira vez de forma
relevante, uma seção sobre a saúde que trata de três aspectos principais:
Em primeiro lugar incorpora o conceito
mais abrangente de que a saúde tem como fatores
determinantes e condicionantes o meio físico (condições geográficas, água, alimentação,
habitação, etc.); o meio sócio-econômico e cultura (ocupação renda,
educação, etc.); os fatores biológicos (idade, sexo, herança
genética, etc.); e a oportunidade de acesso aos serviços que
visem a
promoção, proteção e recuperação da saúde.
Isso implica que, para se ter saúde
são necessárias ações em vários setores, além do Ministério da Saúde e das
secretarias de saúde. Isto só uma política governamental integrada pode assegurar.
Em segundo lugar, a Constituição
também legitima o direito de todos sem qualquer
discriminação às ações de saúde em todos os níveis,
assim como, explicita que o dever de prover
o pleno gozo desse direito é responsabilidade do Governo, isto é, do poder
público.
Isto significa que, a partir da nova
constituição, a única condição para se ter direito de acesso,
aos serviços e ações de saúde, é
precisar deles.
Por último, a Constituição estabelece
o Sistema Único de Saúde—SUS, de caráter público,
formado por uma rede de serviços regionalizada, hierarquizada e descentralizada,
com direção única em cada esfera de governo, e sob controle dos seus usuários.
Os serviços particulares quando
conveniados e contratados, passam a ser complementares e
sob diretrizes do Sistema Único de
Saúde.
Ainda que esse conjunto de idéias,
direitos, deveres e estratégias não possam ser
implantados automaticamente e de
imediato, o que deve ser compreendido é que a implantação do SUS tem por
objetivo melhorar a qualidade da atenção à saúde no País, rompendo com um
passado de descompromisso social e a velha irracionalidade
técnico-administrativa, e é a imagem ideal que norteará o trabalho do
Ministério da Saúde e das secretarias estaduais e municipais.
Para isso, e necessário que se entenda
a lógica do SUS, como ele deve ser planejado e
funcionar para cumprir esse novo
compromisso que é assegurar a todos,
indiscriminadamente,
serviços e ações de saúde de forma
equânime, adequada e progressiva.
II - O QUE É O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - SUS?
É uma nova formulação política e organizacional para o
reordenamento dos serviços e
ações de saúde estabelecida pela Constituição de 1988. O SUS
não é o sucessor do INAMPS e nem tampouco do SUDS. O SUS é o novo sistema de
saúde que está em construção.
POR QUE SISTEMA ÚNICO?
Porque ele segue a mesma doutrina e os mesmos princípios
organizativos em todo o território nacional, sob a responsabilidade das três
esferas autônomas de governo federal, estadual e municipal.
Assim, o SUS não é um serviço ou uma instituição, mas um Sistema que significa um conjunto de unidades,
de serviços e ações que interagem para um fim comum.
Esses elementos integrantes
do sistema, referem-se ao mesmo tempo, às atividades de promoção, proteção e recuperação da saúde.
QUAL É A DOUTRINA DO SUS?
Baseado nos preceitos constitucionais
a construção do SUS se norteia pelos seguintes
princípios doutrinários:
UNIVERSALIDADE – É a garantia de atenção à saúde por parte do
sistema, a todo e qualquer cidadão. Com a
universalidade, o indivíduo passa a ter direito de acesso a todos os
serviços públicos de saúde, assim como àqueles
contratados pelo poder público. Saúde é direito de cidadania e
dever do Governo: municipal, estadual e federal.
EQÜIDADE – É assegurar ações e serviços de todos os níveis de acordo
com a complexidade que cada caso requeira, more o cidadão onde morar, sem
privilégios e sem barreiras. Todo cidadão é igual perante o SUS e será atendido
conforme suas necessidades até o limite do que o sistema puder oferecer para
todos.
INTEGRALIDADE - É o reconhecimento na prática dos serviços
de que:
cada pessoa é um todo
indivisível e integrante de uma comunidade;
as ações de promoção,
proteção e recuperação da saúde formam também um todo indivisível
e não podem ser compartimentalizadas;
as unidades
prestadoras de serviço, com seus diversos graus de complexidade, formam
também um todo indivisível
configurando um sistema capaz de prestar assistência integral.
Enfim:
“O homem é um ser integral,
bio-psico-social, e deverá ser atendido com esta visão integral
por um sistema de saúde também
integral, voltado a promover, proteger e recuperar sua
saúde.”
Veja Também!
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL PODE PREVER O CÂNCER DE MAMA COM ATÉ CINCO ANOS DE ANTECEDÊNCIA
QUAIS SÃO OS PRINCÍPIOS QUE REGEM A ORGANIZAÇÃO DO SUS?
REGIONALIZAÇÃO e HIERARQUIZAÇÃO - Os serviços devem
ser organizados em níveis de
complexidade tecnológica crescente,
dispostos numa área geográfica delimitada e com a definição da população a ser
atendida. Isto implica na capacidade dos serviços em oferecer a uma determinada
população todas as modalidades de assistência, bem como o acesso a todo tipo de
tecnologia disponível, possibilitando um ótimo grau de resolubilidade (solução
de seus problemas).
O acesso da população à rede deve se
dar através dos serviços de nível primário de atenção
que devem estar qualificados para
atender e resolver os principais problemas que demandam os serviços de saúde.
Os demais, deverão ser referenciados para os serviços de maior complexidade tecnológica.
A rede de serviços, organizada de
forma hierarquizada e regionalizada, permite um
conhecimento maior dos problemas de
saúde da população da área delimitada, favorecendo ações de vigilância
epidemiológica, sanitária, controle de vetores, educação em saúde, além das
ações de atenção ambulatorial e hospitalar em todos os níveis de complexidade.
RESOLUBILIDADE - É a exigência de que, quando um indivíduo
busca o atendimento ou
quando surge um problema de impacto
coletivo sobre a saúde, o serviço correspondente esteja
capacitado para enfrentá-lo e
resolvê-lo até o nível da sua competência.
DESCENTRALIZAÇÃO - É entendida como uma redistribuição das
responsabilidades
quanto às ações e serviços de saúde
entre os vários níveis de governo, a partir da idéia de que
quanto mais perto do fato a decisão
for tomada, mais chance haverá de acerto. Assim, o que é
abrangência de um município deve ser
de responsabilidade do governo municipal; o que abrange um estado ou uma região
estadual deve estar sob responsabilidade do governo estadual, e, o que for de abrangência
nacional será de responsabilidade federal. Deverá haver uma profunda
redefinição das atribuições dos vários níveis de governo com um nítido reforço
do poder municipal sobre a saúde – é o que se chama municipalização da saúde.
Aos municípios cabe, portanto, a maior
responsabilidade na promoção das ações de saúde
diretamente voltadas aos seus
cidadãos.
PARTICIPAÇÃO DOS CIDADÃOS - É a garantia constitucional de que a
população, através
de suas entidades representativas,
participará do processo de formulação das políticas de saúde e do controle da
sua execução, em todos os níveis, desde o federal até o local.
Essa participação deve se dar nos
Conselhos de Saúde, com representação paritária de
usuários, governo, profissionais de
saúde e prestadores de serviço. Outra forma de participação são as conferências
de saúde, periódicas, para definir prioridades e linhas de ação sobre a saúde.
Deve ser também considerado como
elemento do processo participativo o dever das
instituições oferecerem as informações
e conhecimentos necessários para que a população se
posicione sobre as questões que dizem
respeito à sua saúde.
COMPLEMENTARIEDADE DO SETOR PRIVADO - A Constituição
definiu que, quando por
insuficiência do setor público, for
necessário a contratação de serviços privados, isso deve se dar sob três
condições:
1ª - a celebração de contrato,
conforme as normas de direito público, ou seja, interesse público
prevalecendo sobre o particular;
2ª - a instituição privada deverá
estar de acordo com os princípios básicos e normas técnicas do SUS.
Prevalecem, assim, os princípios da
universalidade, eqüidade, etc., como se o serviço privado fosse público, uma
vez que, quando contratado, atua em nome deste;
3ª - a integração dos serviços
privados deverá se dar na mesma lógica organizativa do SUS, em termos de
posição definida na rede regionalizada e hierarquizada dos serviços. Dessa forma,
em cada região, deverá estar claramente estabelecido, considerando-se os
serviços públicos e privados contratados, quem vai fazer o que, em que nível e
em que lugar.
Dentre os serviços privados, devem ter
preferência os serviços não lucrativos, conforme
determina a Constituição.
Assim, cada gestor deverá planejar
primeiro o setor público e, na seqüência, complementar a
rede assistencial com o setor privado,
com os mesmos concertos de regionalização, hierarquização e universalização.
Torna-se fundamental o estabelecimento
de normas e procedimentos a serem cumpridos
pelos conveniados e contratados, os
quais devem constar, em anexo, dos convênios e contratos.
III - PAPEL DOS GESTORES DO SUS
O QUE SÃO OS GESTORES?
Gestores são as entidades encarregadas
de fazer com que o SUS seja implantado e funcione
adequadamente dentro das diretrizes
doutrinárias, da lógica organizacional e seja operacionalizado dentro dos
princípios anteriormente esclarecidos.
Haverá gestores nas três esferas do
Governo, isto é, no nível municipal, estadual e federal.
QUEM SÃO OS GESTORES?
Nos municípios, os gestores são as
secretarias municipais de saúde ou as prefeituras, sendo
responsáveis pelas mesmas, os
respectivos secretários municipais e prefeitos.
Nos estados, os gestores são os
secretários estaduais de saúde e no nível federal o Ministério da Saúde. A
responsabilidade sobre as ações e serviços de saúde em cada esfera de
governo, portanto, é do titular da
secretaria respectiva, e do Ministério da Saúde no nível federal.
QUAIS SÃO AS PRINCIPAIS RESPONSABILIDADES DOS GESTORES?
No nível municipal, cabe aos gestores programar, executar e avaliar as ações de promoção,
proteção e recuperação da saúde. Isto
significa que o município deve ser o primeiro e o maior
responsável pelas ações de saúde para
a sua população.
Como os serviços devem ser oferecidos
em quantidade e qualidade adequadas às
necessidades de saúde da população,
ninguém melhor que os gestores municipais para avaliar e programar as ações de
saúde em função da problemática da população do seu município.
O secretário estadual de saúde, como
gestor estadual, é o responsável pela coordenação das
ações de saúde do seu estado. Seu
plano diretor será a consolidação das necessidades propostas de cada município,
através de planos municipais, ajustados entre si. O estado deverá corrigir
distorções existentes e induzir os municípios ao desenvolvimento das ações.
Assim, cabe também aos estados, planejar
e controlar o SUS em seu nível de responsabilidade e executar apenas as ações
de saúde que os municípios não forem capazes e/ou que não lhes couber executar.
A nível federal, o gestor é o
Ministério da Saúde, e sua missão é liderar o conjunto de ações
de promoção, proteção e recuperação da
saúde, identificando riscos e necessidades nas diferentes regiões para a
melhoria da qualidade de vida do povo brasileiro, contribuindo para o seu desenvolvimento.
Ou seja, ele é o responsável pela formulação, coordenação e controle da
política nacional de saúde. Tem importantes funções no planejamento, financiamento,
cooperação técnica o controle do SUS.
Em cada esfera de governo, o gestor
deverá se articular com os demais setores da sociedade
que têm interferência direta ou
indireta na área da saúde, fomentando sua integração e participação no
processo.
Ainda que a saúde seja um direito de
todos e um dever do Estado, isto não dispensa cada
indivíduo da responsabilidade por seu
auto-cuidado, nem as empresas, escolas, sindicatos, imprensa e associações, de
sua participação no processo.
Nas três esferas deverão participar,
também, representantes da população, que garantirão,
através do entidades representativas,
envolvimento responsável no processo de formulação das políticas de saúde e no
controle da sua execução.
QUEM É O RESPONSÁVEL PELO ATENDIMENTO AO DOENTE E PELA SAÚDE DA
POPULAÇÃO?
O principal responsável deve ser o
município, através das suas instituições próprias ou de
instituições contratadas. Sempre que a
complexidade do problema extrapolar a capacidade do
município resolvê-lo, o próprio
serviço municipal de saúde deve enviar o paciente para outro
município mais próximo, capaz de
fornecer a assistência adequada, ou encaminhar o problema para suportes
regionais e estaduais nas áreas de alimentação, saneamento básico, vigilância
epidemiológica e vigilância sanitária.
Deverá haver, sempre que possível, uma integração entre os municípios de uma
determinada região para que sejam resolvidos os problemas de saúde da população.
Conforme o grau de complexidade do
problema, entram em ação as secretarias estaduais de
saúde e/ou o próprio Ministério da
Saúde.
QUEM DEVE CONTROLAR SE O SUS ESTÁ FUNCIONANDO BEM?
Quem deve controlar é a população; o
poder legislativo; e cada gestor das três esferas de
governo. A população deve ter
conhecimento de seus direitos e reivindicá-los ao gestor local do SUS (secretário
municipal de saúde), sempre que os mesmos não forem respeitados. O sistema deve
criar mecanismos através dos quais a população possa fazer essas reivindicações.
Os Gestores devem, também, dispor de mecanismos formais de avaliação e controle
e democratizar as informações.
DE ONDE VEM O DINHEIRO PARA PAGAR TUDO ISTO?
Os investimentos e o custeio do SUS
são feitos com recursos das três esferas de governo
federal, estadual e municipal.
Os recursos federais para o SUS provêm
do orçamento da Seguridade Social (que também
financia a Previdência Social e a
Assistência Social) acrescidos de outros de outros recursos da União,
constantes da Lei de Diretrizes Orçamentárias, aprovada anualmente pelo
Congresso Nacional.
Esses recursos, geridos pelo
Ministério da Saúde, são divididos em duas partes: uma é retida
para o investimento e custeio das
ações federais; e a outra é repassada às secretarias de saúde, estaduais e
municipais, de acordo com critérios previamente definidos em função da
população, necessidades de saúde e rede assistencial.
Em cada estado, os recursos repassados
pelo Ministério da Saúde são somados aos
alocados pelo próprio governo
estadual, de suas receitas, e geridos pela respectiva secretaria de saúde,
através de um fundo estadual de saúde. Desse montante, uma parte fica retida
para as ações e os serviços estaduais, enquanto outra parte é repassada aos municípios,
de acordo também com critérios específicos.
Finamente, cabe aos próprio municípios
destinar parte adequada de seu próprio Orçamento
para as ações e serviços de saúde de
sua população.
Assim, cada município irá gerir os
recursos federais repassados a ele e os seus próprios
recursos alocados pelo governo
municipal para o investimento e custeio das ações de saúde de âmbito municipal.
Também os municípios administrarão os recursos para a saúde através de um fundo
municipal de saúde.
A criação dos fundos é essencial, pois
asseguram que os recursos da saúde sejam geridos
pelo setor saúde, e não pelas
secretarias de fazenda, em caixa único, estadual ou municipal, sobre o qual a
Saúde tem pouco acesso.
Hoje, a maior parte dos recursos aplicados
em Saúde tem origem na Previdência Social. Esta
tendência deverá alterar-se até que se
chegue a um equilíbrio das três esferas de governo em
relação ao financiamento da saúde.
Para tanto, os estados e municípios deverão aumentar os seus gastos com saúde
atingindo em torno de 10% de seus respectivos orçamentos, e a União deverá elevar
a participação do seu orçamento próprio.
IV - QUAIS AS AÇÕES A SEREM DESENVOLVIDAS?
Historicamente, a atenção à saúde no
Brasil, vem sendo desenvolvida com ênfase na
prestação de serviços médicos
individuais, de enfoque curativo, a partir da procura espontânea aos serviços.
O conceito abrangente de saúde,
definido na nova Constituição. deverá nortear a mudança
progressiva dos serviços, passando de
um modelo assistencial centrado na doença e baseado no atendimento a quem
procura, para um modelo de atenção integral à saúde, onde haja a incorporação progressiva
de ações de promoção e de proteção, ao lado daquelas propriamente ditas de recuperação.
Para melhor identificar quais os
principais grupos de ações de promoção, de proteção e de
recuperação da saúde, a serem
desenvolvidas prioritariamente é necessário conhecer as principais características
do perfil epidemiológico da população, não só em termos de doenças mais freqüentes,
como também em termos das condições sócio-econômicas da comunidade, dos seus hábitos
e estilos de vida, e de suas necessidades de saúde, sentidas ou não sentidas,
aí incluída, por extensão, a infra-estrutura de serviços disponíveis.
Ações de promoção e proteção de saúde: esses grupos de ações
podem ser
desenvolvidos por instituições
governamentais, empresas, associações comunitárias e indivíduos.
Tais ações visam à redução de fatores
de risco, que constituem ameaça à saúde das pessoas,
podendo provocar-lhes incapacidades e
doenças. Esses grupos compreendem um elenco bastante vasto e diversificado de
ações, de natureza eminentemente preventiva, que, em seu conjunto, constituem
um campo de aplicação precípua do que se convencionou chamar, tradicionalmente,
de Saúde Pública, ou seja: o diagnóstico e tratamento científico da comunidade.
No campo da promoção, são exemplos de ações: educação em saúde, bons padrões
de
alimentação e nutrição, adoção de
estilos de vida saudáveis, uso adequado e desenvolvimento de aptidões e
capacidades, aconselhamentos específicos, como os de cunho genético e sexual.
Através dessas ações, são estimuladas as práticas da ginástica e outros exercícios
físicos, os hábitos de higiene pessoal, domiciliar e ambiental e, em
contrapartida, desestimulados o sedentarismo, o tabagismo, o alcoolismo, o
consumo de drogas, a promiscuidade sexual. No desenvolvimento dessas ações
devem ser utilizados, de forma programática e sistemática, com emprego de
linguagem adequada ao público-alvo, os diferentes meios e veículos disponíveis
de comunicação ao alcance da comunidade: cartazes, rádio, jornal, televisão,
alto-falantes, palestras e debates em escolas, associações de bairro, igrejas.
empresas, clubes de serviço e lazer, dentre outros.
No campo da proteção, são exemplos de ações: vigilância epidemiológica,
vacinações,
saneamento básico, vigilância
sanitária, exames médicos e odontológicos periódicos, entre outros.
Através da vigilância epidemiológica,
são obtidas as informações para conhecer e acompanhar, a todo momento, o estado
de saúde da comunidade e para desencadear, oportunamente, as medidas dirigidas
à prevenção e ao controle das doenças e agravos à saúde.
A vigilância sanitária busca garantir
a qualidade de serviços, meio ambiente de trabalho e
produtos (alimentos, medicamentos
cosméticos, saneantes domissanitários, agrotóxicos e outros), mediante a
identificação, o controle ou a eliminação de fatores de risco à saúde, neles
eventualmente presentes. São exemplos de serviços sujeitos à vigilância
sanitária: unidades de saúde, restaurantes, academias de ginástica, institutos
de beleza, piscinas públicas, etc. No meio ambiente, a vigilância sanitária
procura evitar ou controlar a poluição do ar, do solo, da água, a contaminação
por agrotóxicos, o uso do mercúrio nos garimpos, etc. Nos locais de trabalho, a
vigilância sanitária preocupa-se, por exemplo em assegurar condições ambientais
satisfatórias (iluminação, temperatura, umidade, ventilação, nível sonoro),
adequação ergométrica de máquinas, equipamentos e móveis e eliminação de
substâncias e produtos que podem provocar doenças ocupacionais. Em relação aos produtos,
a vigilância sanitária não se limita apenas à fiscalização dos artigos já
expostos ao consumo, mas efetua, com prioridade, a inspeção sanitária e técnica
das respectivas linhas de fabricação, de modo a evitar a sua comercialização em
condições insatisfatórias de segurança e qualidade.
Todos esses grupos de ações geralmente
têm o suporte de legislação específica, na qual são
inseridas as normas e regulamentos de
proteção à saúde, com vistas à sua observância por todos.
Todas as ações de promoção e proteção
da saúde acima descritas, podem e devem ser
exercidas (ou desencadeadas), também,
durante o atendimento nas unidades de saúde,
ambulatoriais e hospitalares, com
objetivos e técnicas adequados a estes locais.
Ações de recuperação - esse grupo de ações envolve o diagnóstico e
o tratamento de
doenças, acidentes e danos de toda
natureza, a limitação da invalidez e a reabilitação. Essas ações são exercidas
pelos serviços públicos de saúde (ambulatórias e hospitalares) e, de forma complementar,
pelos serviços particulares, contratados ou conveniados, que integram a rede do
SUS, nos níveis federal, estadual e municipal, particularmente nos dois
últimos, onde deve estar concentrada a maior parte dessas atividades.
De todo modo, nesses serviços as ações
típicas são: consultas médicas e odontológicas, a
vacinação, o atendimento de
enfermagem, exames diagnósticos e o tratamento, inclusive em regime de
internação, e em todos os níveis de complexidade. A realização de todas essas
ações para a população deve corresponder às suas necessidades básicas, e estas
transparecem tanto pela procura aos serviços (demanda), como pelos estudos
epidemiológicos e sociais de cada região (planejamento da produção de
serviços).
O diagnóstico deve ser feito o mais
precocemente possível, assim como o tratamento deve
ser instituído de imediato, de modo a
deter a progressão da doença. Por isso, os serviços de saúde, especialmente os
de nível primário de assistência, devem buscar o adequado desempenho dessas duas
ações fundamentais de recuperação da saúde - o diagnóstico e o tratamento -
visto que tais serviços representam a porta de entrada do sistema de saúde,
onde a população toma os seus primeiros contatos com a rede assistencial
O tratamento deve ser prestado ao
paciente portador de qualquer alteração de sua saúde,
desde uma afecção corriqueira, cujo
atendimento pode ser efetuado por pessoal de nível elementar, até uma doença
mais complexa, que exige a atenção por profissional especializado e tecnologia avançada.
O tratamento deve ser conduzido, desde o início , com a preocupação de impedir
o surgimento de eventuais incapacidades decorrentes das diferentes doenças e
danos.
A reabilitação
consiste
na recuperação parcial ou total das capacidades no processo de
doença e na reintegração do indivíduo
ao seu ambiente social e a sua atividade profissional. Com essa finalidade, são
utilizados não só os serviços hospitalares como os comunitários, visando a reeducação
e treinamento, ao reemprego do reabilitado ou à sua colocação seletiva, através
de programas específicos junto ás indústrias e ao comércio, para a absorção
dessa mão-de-obra.
As ações de recuperação da saúde, na
maior parte das vezes podem e devem ser
planejadas, através de estudos
epidemiológicos, definição de cobertura e concentração das ações ambulatoriais
e hospitalares, aplicando-se parâmetros de atendimento No caso da atenção a
grupos de risco, a previsão e planejamento destas ações tornam-se conjugadas às
ações de promoção e proteção. Assim vistas, as ações de recuperação da saúde
devem ser também geradas no diagnóstico e tratamento científico da comunidade.
integrando junto às ações promotoras e protetoras, o que podemos chamar de
moderna Saúde Pública
PROGRAMAS DE SAÚDE
Existem grupos populacionais que estão
mais expostos a riscos na sua saúde. Isto é
evidenciado pelos registros
disponíveis de morbi-mortalidade, como por exemplo, menores de 01 ano,
gestantes, idosos, trabalhadores urbanos e rurais sob certas condições de
trabalho etc.
A intensidade e a peculiaridade dessa
exposição variam bastante com os níveis sociais e
características epidemiológicas de
cada região, e muitas vezes, da micro-região A exposição a riscos pode também
ser vista e entendida em função de cada doença, como no caso da Tuberculose, Câncer,
Hanseníase, Doenças cardiovasculares, AIDS e outras. Portanto, no planejamento
da produção das ações de educação em saúde e de vigilância epidemiológica,
vigilância sanitária. controle de vetores e atendimento ambulatorial e
hospitalar, devem ser normalizados alguns procedimentos a serem dirigidos
especialmente a situações de risco, com a finalidade de intensificar a
promoção, proteção e recuperação da saúde. Daí vem o conceito e prática dos
programas de saúde, que são parte da produção geral das ações de saúde pelas instituições,
unidades e profissionais da área. Como tal, os programas de Saúde são eficientes
para a população-alvo, somente quando as normas nacionais e estaduais respeitam
as condições sociais, epidemiológicas. institucionais e culturais existentes ao
nível regional ou micro-regional, passando por adaptações e até recriações
nestes níveis.
TESTE OS SEUS CONHECIMENTOS - BAIXE O APP QUIZ RADIOLOGIA
TESTE OS SEUS CONHECIMENTOS - BAIXE O APP QUIZ RADIOLOGIA
Siga-nos também no Instagram.
https://www.instagram.com/dicasderadiologia/
Veja Também!
BAIXE O APP QUIZ RADIOLOGIA - APLICATIVO DE RAIO X
APP SIMULADOR RX CIMAS - APLICATIVO PARA CÁLCULO DE KV E MAS
POSICIONAMENTO DO CORPO - POSIÇÕES OBLÍQUAS - OAD - OAE - OPD - OPE
LETRAS DE CHUMBO - COMO POSICIONAR NO RAIO X
DICAS PARA REALIZAR UM BOM ESTÁGIO EM RAIO X
TABELA DE TÉCNICAS RADIOLÓGICAS KV E MAS
REVELAÇÃO DE RAIO X - PROCESSAMENTO RADIOGRÁFICO
TÉCNICAS RADIOLÓGICAS - CALCÂNEO AXIAL (PLANTODORSAL)
ESTUDO RADIOLÓGICO DO PUNHO
PNEUMOTÓRAX
A EXPOSIÇÃO AOS RAIOS X É UM DOS FATORES DE RISCO ASSOCIADOS À LEUCEMIA AGUDAAPP SIMULADOR RX CIMAS - APLICATIVO PARA CÁLCULO DE KV E MAS
POSICIONAMENTO DO CORPO - POSIÇÕES OBLÍQUAS - OAD - OAE - OPD - OPE
LETRAS DE CHUMBO - COMO POSICIONAR NO RAIO X
DICAS PARA REALIZAR UM BOM ESTÁGIO EM RAIO X
TABELA DE TÉCNICAS RADIOLÓGICAS KV E MAS
REVELAÇÃO DE RAIO X - PROCESSAMENTO RADIOGRÁFICO
TÉCNICAS RADIOLÓGICAS - CALCÂNEO AXIAL (PLANTODORSAL)
ESTUDO RADIOLÓGICO DO PUNHO
PNEUMOTÓRAX
APP QUIZ DE ENFERMAGEM - APLICATIVO DE ENFERMAGEM
POLITICAS PUBLICAS DE SAÚDE - DOUTRINAS E PRINCÍPIOS DO SUS
FILMES RADIOGRÁFICOS - FILME DE RAIOS X CONVENCIONAL
EFEITO ANÓDICO OU EFEITO HEEL NA AMPOLA DE RAIOS X
RADIOLOGIA CONVENCIONAL E RADIOLOGIA DIGITAL (CR E DR)
ÉCRAN INTENSIFICADOR DE IMAGEM NA RADIOLOGIA
MESA DE COMANDO DO RAIO-X
APARELHO DE RAIO X FIXO - AMPOLA DE RAIO X, COLIMADOR RAIO X
IMAGENS RADIOLÓGICAS - RAIO X DA FACE COM SINUSITE
CONTRASTE RADIOGRÁFICO (kV) E DENSIDADE RADIOGRÁFICA (mAs)
EFEITOS BIOLÓGICOS DA RADIAÇÃO IONIZANTE - DETERMINÍSTICO E ESTOCÁSTICO
RADIOLOGIA - JORNADA DE TRABALHO DE 24 HORAS SEMANAIS É MANTIDA PELO STF
JUSTIÇA DE SERGIPE GARANTE DIREITO A FÉRIAS SEMESTRAIS DE 20 DIAS
JUSTIÇA DETERMINA QUE TÉCNICOS EM SAÚDE BUCAL NÃO PODEM REALIZAR EXAMES RADIOLÓGICOS
KV E MAS NA RADIOLOGIA
OS 10 MELHORES APLICATIVOS PARA AJUDAR OS PROFISSIONAIS DA RADIOLOGIA
CONTRAINDICAÇÕES ABSOLUTAS E RELATIVAS DA RESSONÂNCIA MAGNÉTICA
RESSONÂNCIA MAGNÉTICA TEM RADIAÇÃO?
PROVA DA MARINHA 2018 - PROVA DE RADIOLOGIA - CONCURSO MARINHA
EXAME RAIO X - ENFISEMA SUBCUTÂNEO
SÍMBOLOS DE RADIOLOGIA - BRASÃO
RAIO X DA MÃO - INCIDÊNCIA RADIOLÓGICA PA OBLÍQUARESSONÂNCIA MAGNÉTICA TEM RADIAÇÃO?
PROVA DA MARINHA 2018 - PROVA DE RADIOLOGIA - CONCURSO MARINHA
EXAME RAIO X - ENFISEMA SUBCUTÂNEO
SÍMBOLOS DE RADIOLOGIA - BRASÃO
POSICIONAMENTO RADIOLÓGICO PARA RAIO X DA MÃO PA
QUANTOS OSSOS TEM NO CORPO HUMANO?
MEIOS DE CONTRASTE NA RADIOLOGIA - CONTRASTE IODADO
TABELA TÉCNICAS RADIOLÓGICAS DE RAIO X DIGITAL - EXAMES RADIOLÓGICOS
PORTARIA 453 - PROTEÇÃO RADIOLÓGICA - ANVISA
Comentários
Postar um comentário