É consenso entre os especialistas participantes desta nota não utilizar a tomografia computadorizada de tórax exclusivamente para diagnóstico de COVID-19, nem usar este exame como parâmetro para retirada do isolamento.
Este documento foi desenvolvido com o objetivo de apresentar um
compilado dos conhecimentos adquiridos até o momento, que possam orientar
sobre a abordagem diagnóstica de COVID-19, bem como sobre isolamentos de
pacientes e profissionais de saúde, além de comentar o que se tem de evidência
sobre tratamento.
Este documento foi elaborado a partir da colaboração efetiva das sociedades
científicas abaixo citadas:
Associação Brasileira dos Profissionais em Controle de Infecções e Epidemiologia Hospitalar
(ABIH)
Dra. Viviane Maria de Carvalho Hessel Dias (Presidente)
Dr. Marcelo Carneiro
Dra. Cláudia Fernanda de Lacerda Vidal
Dra. Mirian de Freitas Dal Ben Corradi
Dra. Denise Brandão (especialista convidada)
Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI)
Comitê de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde (SBI)
Dr. Clóvis Arns da Cunha (Presidente)
Dr. Alberto Chebabo
Dra. Priscila Rosalba Domingos de Oliveira
Dra. Lessandra Michelin
Dr. Jaime Luis Lopes Rocha
Dr. Luis Fernando Waib
Dra. Cláudia Maio Carrilho
Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB)
Dra. Suzana Margareth Ajeje Lobo (Presidente)
Dra. Mirella Cristine de Oliveira
Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA)
Dr. Rogean Rodrigues Nunes (Presidente)
Dr. Luis Antonio dos Santos Diego
Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR)
Dr. Alair Sarmet Santos (Presidente)
Dr. Valdair Muglia
Dr. Arthur Soares de Souza Jr.
Dr. Dante Escuissato
Dr. César Araújo Neto
Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT)
Dr. José Miguel Chatkin (Presidente)
Dr. Ricardo Martins
Dra. Rosemeri Maurici
Instituto de Medicina Tropical – IMT USP
Dra. Sílvia Figueiredo Costa
Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (SOBED)
Dr. Jairo Silva Alves (Presidente)
Sociedade Brasileira de Nefrologia
Dr. Marcelo Mazza do Nascimento (Presidente)
Dr. José A. Moura-Neto
Resumo executivo sobre o consenso entre os especialistas colaboradores deste documento
● É possível ter coinfecção SARS-CoV-2 e outros vírus respiratórios. É possível SRAG ser causada por outros vírus que não SARS-CoV-2.
● É consenso entre os especialistas participantes desta nota não utilizar a tomografia computadorizada de tórax exclusivamente para diagnóstico de COVID-19, nem usar este exame como parâmetro para retirada do isolamento. É preciso contextualizar de forma adequada os achados tomográficos com o quadro clínico e exames moleculares e/ou sorológicos quando disponíveis.
● Para se definir um diagnóstico de COVID19 é preciso estar pautado nas informações clínico-epidemiológicas + exames RT-PCR e/ou sorologia quando disponíveis e validadas + tomografia computadorizada, os quais precisam ser cuidadosamente ponderados a fim de se fechar diagnóstico.
● A interpretação apropriada de testes diagnósticos necessita do conhecimento do início dos sintomas, bem como das condições préanalíticas do teste, metodologia utilizada e momento da coleta em relação ao início dos sintomas.
● Se as condições pré-analíticas forem as ideais, bem como o momento de realização do teste, RT-PCR é considerado o método padrão ouro
● O teste RT-PCR apresenta uma sensibilidade em torno de 63%,
quando colhido em swab nasal/orofaringe. Portanto, RT-PCR negativo
não afasta o diagnóstico de COVID-19. A critério clínico, considerar
repeti-lo e/ou realizar teste sorológico, este a partir da 2ª semana de
sintomas.
● Testes sorológicos podem auxiliar, porém tem maior sensibilidade
após 7-9 dias de sintomas. Até o momento, não existem testes
validados que possam ser utilizados com segurança. É mandatória a
divulgação desta informação para a população geral que terá acesso
ao teste.
● As medidas de precaução e isolamento para pacientes suspeitos ou
confirmados internados devem permanecer até a alta. Se houver
necessidade de liberação do isolamento antes da alta, pode-se usar a
estratégia baseada em dois testes de RT-PCR negativos com intervalo
de pelo menos 24 horas associados à resolução da febre e dos
sintomas respiratórios. Na ausência de teste, pode ser utilizada a
estratégia baseada na resolução da febre nas últimas 72 horas sem
uso de antitérmico, além da melhora dos sintomas respiratórios
considerando o período de isolamento respiratório de 14 dias após o
início dos sintomas.
● Todo paciente com resfriado ou “síndrome gripal” deve permanecer
por 14 dias em isolamento respiratório, uma vez que COVID-19 deve
ser suspeitado. Seus contactantes também devem permanecer por 14
dias em isolamento respiratório. Se outro vírus for diagnosticado
laboratorialmente (exemplo positivo para influenza e negativo para
COVID-19), deve-se orientar o isolamento respiratório de acordo com
o vírus isolado.
● Em relação ao tratamento, até o momento, não há disponível um
medicamento que tenha demonstrado eficácia e segurança no
tratamento de pacientes com infecção por SARS-CoV-2. Estudos
estão em andamento e quaisquer medicamentos utilizados com o
objetivo de tratamento devem ser administrados sob protocolo clínico
mediante aplicação de termo de consentimento livre e esclarecido.
● Deve-se ter cautela ao usar cloroquina ou hidroxicloroquina em
associação com azitromicina, pois pode aumentar o risco de
complicações cardíacas, provavelmente pelo efeito sinérgico de
prolongar o intervalo QT.

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